Floresta

A floresta é um dos ecossistemas de maior relevância ambiental e simultaneamente fonte de bens e serviços indispensáveis ao ser humano, assegurando o fornecimento de madeira e alimento, a regulação do clima, a proteção dos solos, a qualidade da água, a produção de oxigénio, a retenção de carbono, o abrigo à biodiversidade, e um imemorial fator identitário do património cultural.

Não obstante a sua importância, a floresta portuguesa encontra-se em degradação progressiva e acelerada, apresentando hoje desafios de dimensão que carecem da atenção não apenas dos seus agentes económicos e do estado, mas de todos os cidadãos.

Adernal da Mata Nacional do Buçaco © Sónia Guerra

Pensar em floresta para a maioria dos portugueses é, nos dias de hoje, inevitavelmente pensar em monoculturas e áreas mistas de pinheiro-bravo, eucalipto e exóticas invasoras. Esta imagem, apesar de parcial, é fruto de décadas de gestão vocacionada, quase exclusivamente, para a produção florestal das fileiras industriais.

O êxodo do mundo rural, o abandono de terras e das tradicionais práticas de gestão, conjugados com o aumento da procura externa por produtos florestais de reduzido valor acrescentado, criaram oportunidades à indústria de desenvolvimento de economias de escala através do investimento em monoculturas extensivas.

Estes fatores aliados ao continuado fracionamento da propriedade rústica, sendo Portugal um dos países da EU com menor área de floresta, e à drástica mudança da estratégia florestal nacional, preconizada pela diminuição das funções do estado sobre a produção multifuncional, direcionaram as políticas dos sucessivos governos para o incentivo à produção de recursos lenhosos de rápido crescimento para as fileiras industriais da celulose e do papel, com especial
destaque para o eucalipto.

Mata da Albergaria © Sónia Guerra

Atendendo às características da plantação em monocultura desta árvore exótica, urge implementar políticas que limitem e reduzam efetivamente a sua área de ocupação, com incentivos à substituição por espécies nativas, adequadas ao território natural e ao enquadramento socioeconómico do país.

No atual contexto de alterações climáticas as florestas autóctones e resilientes desempenham, mais do que nunca, uma enorme importância na manutenção da qualidade de vida do ser humano, através da prestação de serviços de ecossistema reguladores de equilíbrios ecológicos que previnem o surgimento e desenvolvimento de novas doenças.

Cabe-nos, enquanto sociedade ativa no exercício do dever de cidadania, a defesa pelo regresso às florestas autóctones e sustentáveis: uma das principais causas e motivações da Iris – Associação Nacional de Ambiente.