Portugal possui uma das maiores extensões de costa da União Europeia (943 Km no setor continental e 667 Km nos arquipélagos da Madeira e Açores), e de área marítima, 18 vezes superior à área continental terrestre, onde se localiza a maior Zona Económica Exclusiva (ZEE) da Europa.

© Otília Leitão
Limitado a sul e a oeste pelo Oceano Atlântico, Portugal destaca-se pelo seu posicionamento geo-estratégico albergando um riquíssimo património marinho e costeiro, que deve ser valorizado e protegido, de forma a possibilitar a conservação da biodiversidade e de assegurar o desenvolvimento sócio económico do país.
Com uma percentagem elevada de população (85%) concentrada nos distritos litorais, em comparação com a média da EU de 42% (Eurostat, 2015), a zona costeira nacional está sujeita a fortes pressões industriais e urbanas, agravada pela existência de aproximadamente 400 praias designadas como zonas balneares, que são responsáveis pelo aumento de elevados fluxos sazonais populacionais.
Os ecossistemas costeiros são caracterizados por uma diversidade de habitats, com um número elevado de espécies de flora endémica e de fauna ameaçada, que ocorrem em ambientes muito distintos, da costa atlântica nacional, tais como: fundos arenosos subtidais, recifes rochosos, dunas, arribas e estuários.
Das ameaças sobre o litoral, mais conhecidas dos cidadãos em geral, destacam-se a poluição marinha (devido à circulação do tráfego marítimo, descargas de efluentes industriais e domésticos, e acumulação de plástico), as obras de engenharia hidráulica e costeira, e a sobre pesca dos recursos piscícolas. Todos estes fatores levam à perda da biodiversidade, com consequências negativas nos serviços prestados pelos ecossistemas e na qualidade de vida das populações.
As pressões ambientais acima referidas, associadas às alterações climáticas, têm vindo a agravar os fenómenos da erosão costeira e a causar profundas alterações nos ecossistemas marinhos. Com um papel preponderante no sequestro de CO2 e na alimentação humana, a proteção dos oceanos, e das zonas costeiras, torna-se um desafio à escala global para o qual urge mobilizar a sociedade e as instituições governamentais para a implementação de políticas de gestão mais equilibradas e sustentáveis.

Considerando os princípios que norteiam a Iris – Associação Nacional de Ambiente, e as relações ecológicas frágeis que caracterizam os ecossistemas oceânicos e costeiros, é nosso objetivo promover a participação pública, o debate, e a construção de ideias, com vista à sustentabilidade da vida na terra.