A Arqueologia é a ciência que consiste no estudo da presença, cultura e comportamento humanos e das suas relações com o espaço e tempo. O avanço dos nossos conhecimentos neste campo só é possível através do estudo e análise metodológicos dos vestígios deixados pelos nossos antepassados, quer de forma intencional (nomeadamente património edificado, enterramentos, fontes históricas) quer de forma involuntária (a título de exemplo contam-se objetos perdidos, tipologias de objetos ou mesmo o lixo de que nos fomos descartando ao longo dos tempos).
A história de um país não se cria a partir de um ponto isolado, mas consiste sim em uma manta de retalhos que os nossos antecedentes foram tecendo através das suas interações e escolhas. Da mesma forma que nós somos o resultado de todos os povos que por aqui passaram e nos deixaram a sua marca, em Arqueologia, uma cidade ou belíssima peça inteira podem conter tanta informação sobre os contextos em que estão enquadradas, como o mais pequeno fragmento cerâmico, um breve trabalho de prospeção ou, a análise de fotografias. A partir deste fluxo constante de informação foi possível a Portugal criar uma base de dados de sítios arqueológicos de interesse nacional que conta neste momento com 36 428 Sítios Arqueológicos (entre Castros, Dólmenes, Villas, Castelos, Povoados, achados isolados, entre outros), com sítios tão relevantes como o Complexo Arqueológico dos Perdigões, os Concheiros de Muge, as ruínas da cidade romana de Conimbriga ou a Vila de Óbidos.

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Infelizmente, a sistemática destruição de sítios e património arqueológico a que temos assistido muito recentemente, de forma impune, exige uma resposta adequada a esta problemática. Mais que a informação de valor inestimável que lamentavelmente perdemos com o desaparecimento da herança legada (que por vezes nem é possível registar através de uma simples memória descritiva) estamos, como cidadãos e pessoas de interesse, a ser direta e indiretamente prejudicados pela usurpação e delapidar do que define a nossa formação identitária e cultural.
A Iris – Associação Nacional de Ambiente, na qualidade de pessoa coletiva interessada na preservação, divulgação, valorização e estudo do património em geral e, particularmente a nível nacional, não se revê, nem pode ser conivente com a atual política de desresponsabilização e exoneração que vem sendo praticada e, sub-repticiamente estimulada. Sentindo ser vontade dos seus membros a existência de uma plataforma de aproximação e formação dos cidadãos na luta pela defesa de projetos, políticas e atitudes responsáveis e, na adoção de um estilo de vida ativo assente na valorização e respeito do riquíssimo manancial de recursos arqueológicos de que dispomos no nosso país.