Património Imaterial

O património imaterial transmitido de geração em geração, recriado constantemente por uma comunidade ou grupo humano, é um património dinâmico que se expressa em realidades e práticas intrinsecamente correlacionadas com as características biofísicas e culturais do território onde aquelas estão inseridas: práticas, representações, expressões, conhecimentos e competências da cultura tradicional e popular, bem como os instrumentos, objetos, artefactos e espaços culturais que lhes estão associados.

Estas realidades e praticas manifestam-se tanto em modos tradicionais de saber-fazer – técnicas artesanais de construção ou de cultivo, de fabricação artefactos ou de preparação de alimentos, entre outros; como também se revelam em expressões orais de transmissão cultural – como a língua, os dialetos ou expressões artísticas locais, ou as práticas sociais, rituais ou festivas.

Bateira Avieira do Tejo – Artes e saberes de construção e uso da bateira avieira do Tejo © DGPC MatrizPCI / 2015 Instituto Politécnico Santarém JC/LG

Pela sua natureza tradicional, intimamente ligada ao território onde se inserem, são um património extraordinariamente frágil, pois dependem da continuidade dos grupos humanos que as recriam constantemente e da utilidade dessas práticas nas sociedades contemporâneas globalizadas, onde impera o primado da rentabilidade económica, de caráter produtivo ou cultural.

A salvaguarda do património imaterial, de significativo caracter identitário, têm vindo a ganhar mais importância na sociedade contemporânea globalizada e uniformizada, em transformação hiper acelerada, em virtude da tomada de consciência da perda incomensurável que o desaparecimento deste(s) património(s) constitui para as comunidades.

Desde finais do século XX, mas sobretudo desde o início deste século, que se multiplicam as cartas e convenções internacionais no sentido de salvaguardar este riquíssimo património que constitui o substrato da nossa memória e identidade mais profunda.

A Iris – Associação Nacional de Ambiente defende que o património imaterial é uma componente fundamental do ambiente, na medida em que é através dos seus múltiplos saberes-fazeres tradicionais que se percecionam práticas mais de acordo com as características biofísicas do território, e, neste sentido, mais sustentáveis para o equilíbrio da natureza.

Tiragem da cortiça no concelho de Coruche
© DGPC MatrizPCI / 2017 Município de Coruche