O património imaterial transmitido de geração em geração, recriado constantemente por uma comunidade ou grupo humano, é um património dinâmico que se expressa em realidades e práticas intrinsecamente correlacionadas com as características biofísicas e culturais do território onde aquelas estão inseridas: práticas, representações, expressões, conhecimentos e competências da cultura tradicional e popular, bem como os instrumentos, objetos, artefactos e espaços culturais que lhes estão associados.
Estas realidades e praticas manifestam-se tanto em modos tradicionais de saber-fazer – técnicas artesanais de construção ou de cultivo, de fabricação artefactos ou de preparação de alimentos, entre outros; como também se revelam em expressões orais de transmissão cultural – como a língua, os dialetos ou expressões artísticas locais, ou as práticas sociais, rituais ou festivas.

Pela sua natureza tradicional, intimamente ligada ao território onde se inserem, são um património extraordinariamente frágil, pois dependem da continuidade dos grupos humanos que as recriam constantemente e da utilidade dessas práticas nas sociedades contemporâneas globalizadas, onde impera o primado da rentabilidade económica, de caráter produtivo ou cultural.
A salvaguarda do património imaterial, de significativo caracter identitário, têm vindo a ganhar mais importância na sociedade contemporânea globalizada e uniformizada, em transformação hiper acelerada, em virtude da tomada de consciência da perda incomensurável que o desaparecimento deste(s) património(s) constitui para as comunidades.
Desde finais do século XX, mas sobretudo desde o início deste século, que se multiplicam as cartas e convenções internacionais no sentido de salvaguardar este riquíssimo património que constitui o substrato da nossa memória e identidade mais profunda.
A Iris – Associação Nacional de Ambiente defende que o património imaterial é uma componente fundamental do ambiente, na medida em que é através dos seus múltiplos saberes-fazeres tradicionais que se percecionam práticas mais de acordo com as características biofísicas do território, e, neste sentido, mais sustentáveis para o equilíbrio da natureza.

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